vinteesete

07 fevereiro, 2008

sete de favereiro de dois mil e oito - tabuazeiro

Eu lambia o corpo dela com os olhos parados. Delirava absurdos e me sentia muito perto do lugar perfeito. O lugar onde eu não era mais nada, além do que minha língua sabia me dar de prazer. E era mesmo o prazer que me havia levado até ali. Prazer este que poucas vezes na vida me deixou encontrá-lo. Que já me arrastou por todas as lamas fúteis e tantas horas me deixou perdido. Até nos firmes e fáceis traços de concreto do longo asfalto. Nas manhãs silenciosas e enormes. Na mesa farta e bem posta de minha mãe. Deixou-me suspenso e sôfrego que até ali, na pele branca e doce das coxas dela eu me fartasse. Agora eu lambia com calma todo aquele tanto de prazer. Era meu e só meu. Pois só minha língua lhe falava direto ao coração, só eu sabia as palavras para lhe fazer tremer e gritar e quase morrer. E lá, entre suas pernas, deixei para sempre minha cabeça. Perdi as dúvidas, os asfaltos retos, as manhãs sem um bom tempo, a mesa besta... E é para lá que estou sempre voltando toda vez que vou, mesmo sem saber onde.

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