vinteesete

17 março, 2008

dezessete de março de dois mil e oito - tabuazeiro

Depois de viver muito. De olhar todas as coisas no mesmo lugar de uma forma diferente a cada vez. Depois de não mais saber diferir o próprio tempo. E respirar na terra frondosa das estradas pequenas dos lugares longes. A certeza de que nada muda nunca virá como um riso. Você olhará para as próprias mãos e se lembrará que elas sempre chegaram antes, que sempre foram onde quiseram ir antes que sua cabeça pudesse dizer qualquer coisa. E olhando o corte velho e seco no dedo maior, espantar-se-ia com a certeza de que nunca quis um corte e ele então seria você também. E com o fato de que você é o que acontece. Depois de tanto sonhar em vão, você é o que acontece. E acontecerá em você o que acontece em tudo. Os mesmos ciclos, os mesmos ventos, as mesmas calmas... Acontecerá e pronto. Mesmo que chore, mesmo que ria. Então... Depois de cansar de sofrer de tanto querer, nada mais quererá. E leve como folhas sem a árvore, se deixará.

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