vinteesete

13 julho, 2008

à margem, para marlon ferreira da silva, oito de julho de dois mil e oito

Os piores pesadelos são os que me acontecem ao meio-dia, dos outros eu sempre acordo. Mas sob o sol do meio-dia, o mundo rosna sobre mim de um jeito que parece que quer me ver latindo. A vida fica feia. As ruas, desconfortáveis. E quando penso em fugir, me lembro da margem. Do lado da vida que está sempre fugindo. Do lado que vive longe. Enquanto cheia da febre do sol, minha vontade delira uma vida carregada de pequenos confortos. De prazeres vagabundos e baratos. Uma vida onde tudo fosse fácil. Como a dos donos de boteco. Bêbados todos os dia. Sentados numa soleira qualquer, esperando o sol esfriar. Enquanto o mundo sonha com inclusão, lutando para se sentir mais dentro, eu ando para o outro lado. Eu vou com as putas, contra os padres e os irmãos. Eu vou com os que desacreditam, mas ainda sonham. Com os que vivem morrendo. No meio-dia de todo o dia eu sonho contra o funcionalismo. Com a desconstrução da máquina. Com o delírio na ponta da língua e as formas fugindo. Eu sonho uma bomba ruindo as pessoas por dentro e elas correndo desesperadas para onde sempre quiseram estar. E a máquina desconsertada rangendo alto, "Isso é um absurdo! Como assim, pessoas correndo para fora? A segurança é algo que se conquista com disciplina! Como assim, homens bêbados ao meio-dia? Isso não passa de poesia!".

5 Comentários:

  • Às segunda-feira, 14 julho, 2008 , Anonymous Anônimo disse...

    Qual o preço da transformação? Qual a dor de qual perda?
    Eu sei que escorreguei ao mundo de parto normal e foi bem assim: num imenso "grand jeté", com vontade de correr, de não subir a construção como se fosse máquina.
    Tenho precisado te ler de vez em quando, menino, para me alcançar nos meus suspiros bonitos de agora...
    Flávia

     
  • Às quarta-feira, 16 julho, 2008 , Anonymous Anônimo disse...

    Este comentário foi removido por um administrador do blog.

     
  • Às quarta-feira, 06 agosto, 2008 , Blogger Sil disse...

    Aqui estou eu, novamente de novo!!!

    Beijos

     
  • Às domingo, 31 agosto, 2008 , Blogger Unknown disse...

    Este comentário foi removido pelo autor.

     
  • Às domingo, 31 agosto, 2008 , Blogger Unknown disse...

    Intensidade pura em cada palavra que enquanto leio, vivo como expectadora, o que lamentavelmente, vivo.
    Esse viver, que digo que vivo é um viver que me ensinaram.
    Eu quero descobrir :: des/cobrir a vida e, quiçá assim as dores,os vazios tenham novas sensações,ou quem sabe, quando eu des/cobrir a vida, eu entenda que posso fazer escolhas melhores, ainda que sempre "condenada" a escolher (Nietsczhe - onde fica o "s" o "z" e o "c"...sempre esqueço)..mas foda-se!Eis uma pequena novidade, eis um pequeno des/cobrir...escrevo o nome de Nietzsche como eu quiser.Posso brincar pelo menos com as letras...

     

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