vinteesete

18 outubro, 2008

não soneto para ela ler para mim, dezoito de outubro de dois mil e oito

Você tropeçando absorto em meus defeitos
Como se eu fosse uma estrada confusa num dia besta de sol
Correndo abobado completamente infantil
Na inútil pressa que reza sofrido querendo chegar

Eu realmente nada posso fazer, finjo e faço assim
Que sou uma pedra precisando de carinho
De alguém que me livre do meu excesso
Sem levar nada disso que só eu sei que eu posso ser

Você me quebrando e eu feliz em me refazer
Um tanto de mim caindo pelo chão sujo
E todo o resto respirando o alívio

Você me apalpando no seu jeito escuro de sentir
Como se eu fosse o relevo amigo dos cegos
E eu refeita nuvem, chovendo para dentro ia

4 Comentários:

  • Às sábado, 18 outubro, 2008 , Blogger Sil disse...

    Quem além de você faria eu me refazer? Na sua fria constância de água, lápida qualquer pedra. com sua sabedoria de gente que chega aos noventa anos, consegue ver o que tem dentro de pedras feias, que ali guardam ametistas lindas, mas não conseguem deixar de ser duras. E mesmo assim você ainda persiste. E todos os dias quando percebo a estupidez e a superficialidade de uma ametista agradeço por você ser assim, exatamente como é.
    E por ter a paciência que tem, mesmo fingindo perde-la.

     
  • Às domingo, 19 outubro, 2008 , Blogger Bianca Borges disse...

    "Que sou uma pedra precisando de carinho"
    Gostei dessa frase!

     
  • Às segunda-feira, 20 outubro, 2008 , Blogger Priscila Milanez disse...

    Mais um dos teus textos que leio e gosto. Extraio deles imagens e sentires dúbios bem orquestrados.

     
  • Às domingo, 26 outubro, 2008 , Blogger Gabriela disse...

    Textos intensos. Leio todos... Escreve tudo o que eu gostaria de escrever, por isso, não arrisco e deixo pra você. Obrigada.

     

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