vinte e cinco de setembro de dois mil e sete – joana d´arc - vitória
Não, não passará mais assim tão fácil esse campo seco em minha cabeça. Não passará como nos dias novos. Como nos primeiros dias hirtos. Mesmo que o medo tenha tirado de mim seu véu encardido. Mesmo diante do sorriso fresco das manhãs deste mundo cego. Não. As rajadas frias de poeira seca já me arranham os olhos. Essa poeira vermelha como os campos de Brasília. Esse revoar dos grãos sujos dos dias presos. Todo esse peso que me prende ao sono. Não passará mais tão fácil assim. Minha mulher me abraça. Seu beijo me acalma. Ela diz que é burrice. Eu acaricio seus cabelos com os dedos trêmulos e me espanta sempre sua maciez. Coloco minha boca em seu pescoço enquanto respiro a pausa. Nada diz nem desdiz qualquer certeza. Nada nos acolhe a não ser nossa vontade de nos acolher. Desta vez não vejo mais nenhum talvez. Acontecerão todas as coisas que aconteceram sempre. Acontece o sempre agora e não passará. Não.