vinteesete

28 novembro, 2007

para tua mulher, quando te casares

Quem te disse que era fácil esperar? Você me disse que viria e eu te conhecendo fui dormir. Já bem longe, quase dia, você vem, voando sobre as casas e quando acordo tudo em volta é deserção. Enquanto o dia vai passando, eu me pergunto por você e quando vai voltar. Não importa o porquê, vou fingir não ligar. Você sabe bem ao dizer que tudo tem fim. Como a noite entre os outros, em que nada vai ficar como te fez feliz. E nem se importa em dizer que é burrice esperar. Que nada vai te trazer a calma.

21 novembro, 2007

making of do feliz quatro - novembro de dois mil e sete - tabuazeiro

A mão dela tateava o nada ao seu redor enquanto os olhos se abriam cada vez mais. Era a primeira vez que via o mundo e mesmo dentro daquele quarto ele era azul. A mão não parava de procurar alguma coisa no nada. Os dedos tarantulavam no ar novo, no espaço que agora só cresceria e nada mais tinha do calor de minutos atrás. Ao contrário da mão o corpo permanecia encolhido. Não sabia ser outra coisa senão aquele “se abraçar” para caber. Mal sabendo ela que o mundo agora era grande e a abraçaria mesmo se ela dançasse ou pulasse ou corresse. Mas a mão não. Talvez já tivesse tentado antes e contra o véu do útero muitas vezes se chocara. E agora os dedos iam longe, tão longe que ela tinha medo e logo os traziam de volta. Em breve seriam eles seu maior aliado em suas descobertas, mais que os olhos. Em breve seriam eles que diriam o que é quente ou frio, o que é suave ou rude. Como diziam agora o que é liberdade.