vinteesete

22 maio, 2007

Making of do feliz dois - vinte e dois de maio de dois mil e sete - casa alta

A placa fica suspensa na sala. Na parede de frente para a janela. Entre elas, estamos nós. Ora degustando a placa, ora bebendo a janela. Mas sempre, garanto, sempre estamos longe de tudo isso. Num lugar, talvez, nos sulcos negros dos vinís. Nos sumidouros das tortas harmonias. No movimento da luz. Nos outros quadros também. Nossas cabeças sondam os cantos de todas as questões e em nossas caras nada. Só os tantos pares de olhos parados nas coisas mas, também, nada.

21 maio, 2007

making of do feliz - vinte e um de maio de dois mil e sete - casa alta

O mato lateja no sol quente. Fica parado na janela, só ouvindo. Nossa janela é um dos quadros mais bonitos que eu já vi. E é viva. Tão viva que até venta. E o vento passa pelo mato e o faz deitar e subir e deitar e subir, como se dançasse. Dança na janela como se ouvindo já não mais parado. Nem ele, nem o cortinado azul que eu adoro pedir para manter fechado. Eu sei, é um pecado sim. Mas pecar é tão bom. Nós sempre saímos do pecado com um sorrisinho cafajeste. Sempre se goza depois do pecado. O mato que me perdoe.

08 maio, 2007

Oito de maio de dois mil e sete – praia da costa

Esses vermezinhos ainda me perseguem com suas asinhas de fazer barulho. A casa cheira à água evaporada do banheiro lavado a pouco. Carambolas maduras jogam um monte de amarelo no chão da sala e eu estou bêbado de tanto fumar. Um dia eu rirei, penso meio morto na janela. Mas no impossível de toda desgraça acontecendo até no vento, na hora em que se é acertado... Vou à geladeira e encho meu copo outra vez. Em alguns dias, filosofo sozinho na cozinha, a vida é realmente boa, mas não hoje, e não hoje há muito tempo.


Sete de maio de dois mil e sete – praia da costa

No contra-peso, no outro lado da mesma linha, no lado mais distante da luz do sol, a idéia de um lugar mais leve. Os carros ruindo a ponte pela manhã e o cheiro do sal lavando os pulmões, dormem do mesmo lado que eu. Mas no fundo, é a linha que me cabe mais. A reta cheia de sumidouros, o caminho cravado de pontos de fuga, a estrada que me deságua, isto sim é mais eu que qualquer lado.