trinta de março de dois mil e oito – leblon – rio
Entre o branco e preto do futuro que seria em foto o que sonhava e o colorido e pálido presente, cada palavra anotada no caderno ia, bem devargar, perdendo sua cor. Cada palavra ia se precipitando para o escuro mundo que o tragaria. I feel it closing in , day in , day out. No segundo antes da palavara ser pensada, no ninho mãe da idéia, o escuro mundo do futuro dançava alto. O sol insistindo do lado de fora, fazendo as cores gritarem inutilmente. Os olhos buscando entrar em si mesmos para o fundo. Entre o que agora escapava de seu controle e o que viria, estava o tempo de sempre. O tempo que o prenderia em seu quadro mais firme. E sem que nada viesse de fora, as palavras o engoliam. Dentro delas, cada som se enchia de frio. E antes que a falta de ar o espancasse outra vez e o atirasse contra o chão, ele cuidadosamante se amarrou o mais alto que pôde. O sol continuou arrancando de cada coisa sua cor mais forte. As palavras o engoliam todo sem devolverem nada. E dentro de cada uma delas, ele dançava.